Agostinho Tropeiro

| terça-feira, 28 de agosto de 2012


Agostinho tropeiro
O sol se levantou
E a lua adormecia
Agostinho se acordou
Logo ao raiar do dia.

Ainda era cedo pra lida
E o taura ia chimarrear
Mas ao chiar da chaleira
Pegou a pensar na vida
Pegou a se lamentar.

Pensou logo no compadre
E no filho que se foram
Resolveu campear o padre
Rezar pelos que o deixaram.

Depois do zaino encilhado
Nem cevou seu chimarrão
Se foi a trote pra o povoado
Chegou no meio do sermão
E o bispo seguiu falando
Do evangelho, dos irmãos
E cada dito tocava
O peito daquele peão.

Dom Ambrósio falou bonito
Dum tal Divino Patrão
Que mandou o filho solito
Pra morrer pelos irmãos
Agostinho ouviu que o tropeiro
Esse tal de Jesus Cristo
Fez um serviço bonito
E começou a conversão.

E Agostinho bolicheiro
Boêmio e cheio de ardor
Deixou de ser bochincheiro
Deixou de ser peleador.

Só não deixou da labuta
Nem parou de chimarrear
Mas o vivente mudou de luta
Começou a evangelizar.

O Cristo quando apaixona
Não adianta corcovear
Bem mais que som de sanfona
Leva a gente sem pensar.

A mãe, Mônica, se alegrou
Com a boa decisão
De alegria até chorou
Por ver o filho cristão.

Mas esta felicidade
Também requer sacrifício
É preciso castidade
Prontidão para o serviço.

E pra ele foi difícil
Pois não era aquerenciado
A deixar de lado o vicio
Se tornar um consagrado.

Mas um índio inteligente
Não dispara na aflição
Era difícil ser crente
Mas era melhor ser cristão.

E o moço bolicheiro
Não se medrou por quebranto
Doutor e padre primeiro
Depois morto, grande santo
E hoje é quisto no mundo
Em todos os quatro cantos
Por que mergulhou bem no fundo
No poço do Espírito Santo.

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