Retrato

| quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Retrato
A noite chegou de manso
Como quem vem pra ficar
Trouxe um véu cobrindo a tarde
E um manto de estrelas pro luar
Trouxe um riso na lembrança
E uma causa pra sonhar.

Na solidão do meu mate
Sussurrei esta canção
Com teu nome entre as ondas
Faz-se mar meu chimarrão
Sem o mel do teu sorriso
Pra adoçar meu coração.

Vi os grilos em melodia
Em parceria com a rua
Vi que a noite fez de estrelas
Seu livro de partitura
Numa orquestra da natureza
Magistrada pela lua.

Quando o brilho dos meus olhos
Fez menção ao horizonte
Um barrete de esperanças
Pra saudade fez reponte
O pôr do sol num sorriso
Retratou o teu semblante.

Noutro mate, noutro verso
Foi-se embora o meu cansaço
Pois tua voz soprou meu nome
No canto suave de um pássaro
Que se aconchegou no ninho
Como te aqueço em meus braços.

E a cuia quedou-se quieta
Bem ao lado da cambona
O vento levou meu beijo
E silenciou a cordeona
Para levar meu olhar
Pra te entregar, minha dona.

A noite chegou de manso
Trouxe um véu cobrindo a tarde
Sussurrei esta canção
Na solidão do meu mate
Retratou-me teu semblante
Num pôr de sol que ainda arde.

Dom Isidro

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