Tenteei uns versos... De um tal Leonardo José...

| quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Tenteei uns versos de despedia pro meu velho, já faz tempo... Mas hoje, ao lembrar de um sonho que tive com ele, resolvi postar estes versos toscos, que apontam uma saudade, muitas lembranças e uma vontade...

De um tal Leonardo José
(Em memória de meu pai)
A dor espinha no peito
E o índio não vê a ferida
Só sabe que tem que dizer
O adeus da despedida
Quando a morte caborteira,
Toca o hino da partida.

Hoje me peala esta dor
Por um taura que se vai
Um bom e velho gaiteiro
Que hoje não toca mais
Rendo esta charla campeira
Ao meu bom e querido pai.

Os amigos vão embora
Tristes, estendem a mão
Depois de deixar um taura
A sete palmos do chão
E a gente então se vê só
Num rancho de solidão.

Enquanto cevo este mate
Acho que assim a vida é
Vou hoje matear solito
E renovar minha fé
Rezando pra aquele santo
Que como meu pai foi José.

Mas não foi só este nome
Que meu pai levou do santo
Também foi trabalhador
Nunca medrou de quebranto
Também amava a Deus Pai
E o vaqueano Espírito Santo.

Sei que parte com ele
Aquela voz machucada
Que tantas vezes cantou
Nos bailes de madrugada
Agora canta pra Deus
Lá na eterna morada.

A lágrima molha o papel
E o pito vai se apagando
E aquela dor caborteira
Para os versos vai passando
E, como meu pai, limpo o rosto
Pra não me verem chorando.

Se é pra dizer adeus
Que seja numa canção
Ou numa prece campeira
Um prosa de oração
Que dou como despedida
Ao meu pai do coração.

Chimarreando com Deus
Fiz esta pajada de fé
Pois sou filho de um cristão
E soou um índio que crê
Entrego ao Patrão Celeste
Um tal Leonardo José.

Dom Isidro

1 comentários:

{ Tatiana Kielberman } at: 7 de janeiro de 2012 às 22:40 disse...

Vitor,

Seus versos são sempre sensíveis e perspicazes.

Tenho passado bastante por aqui, apesar de quase nunca comentar... Mas gosto muito!

Parabéns!!

Beijos!

 

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